Um mecanismo de pesquisa pode ser definido como um sistema de software projetado para buscar informações em um banco de dados, de acordo com a pesquisa do usuário. Ou seja, conforme o usuário pesquisa, o mecanismo de busca tem como objetivo encontrar o melhor resultado possível de acordo com o que lhe é informado no momento da busca.
Importância do mecanismo de pesquisa
Um estudo de 2012 da International Journal of Information Management (Theory-based model of factors affecting information overload) afirma que a quantidade de informação formal e informal gerada nos últimos tempos é equivalente à criada desde o início da humanidade até o ano de 2003. Isso inclui tudo, desde anúncios online, manchetes de jornais, sites, mensagens de texto, aplicativos, e-mails, sinais de trânsito até slogans de camisetas. A lista pode continuar. Atualmente, o volume de informações aumentou em comparação com a época do estudo. Ou seja, somos bombardeados por informações todos os dias.
Com essa sobrecarga de informações, é quase impossível lembrar de tudo. Por exemplo, a senha do aplicativo do seu banco ou do iFood. Percebeu que a maioria dos aplicativos de banco não solicita senha, e o acesso é feito com reconhecimento facial? E quando foi a última vez que você precisou inserir a senha do iFood para acessar o aplicativo? Percebe que isso não é à toa?! É tudo para facilitar a vida do usuário devido ao excesso de informação.
Levando isso em consideração, imagine a quantidade de conteúdos novos que os mecanismos de busca recebem todos os dias. Este volume, que teve seu número ampliado em algumas vezes devido aos conteúdos gerados pelas IAs (Inteligências Artificiais). Difícil imaginar, né?!
Os últimos dados obtidos do Google trazem a informação de que a ferramenta recebe cerca de 40 mil consultas (pesquisas) por segundo. Ou seja, mais de 57,6 bilhões por dia e 1,7 trilhões por mês. Supondo que cada usuário veja uma média de duas páginas de resultados de pesquisa, cada uma exibindo 10 resultados, isso resulta em uma média de 34 trilhões de resultados de pesquisas mostrados aos usuários da internet em um único mês.
Os números assustam, não é?!
Acredito que, considerando todas essas informações, conseguimos evidenciar a importância dos mecanismos de busca. Eles funcionam essencialmente como filtros para os usuários, de acordo com a busca realizada, encontrando de forma rápida e fácil o conteúdo com as informações mais relevantes e de alta qualidade possível, entre a imensidão de conteúdos que existem hoje na internet.
Já imaginou ter que encontrar o que procura de forma manual, considerando que existem trilhões de informações nos bancos de dados da internet?
Como funciona os mecanismos de pesquisa
Existe uma grande quantidade de conteúdo na internet, e, ao contrário do que as pessoas pensam, um mecanismo de busca não procura exatamente o que você está procurando em todos os sites, de acordo com a sua busca. São realizados alguns passos importantes até que isso venha a ocorrer.
Todos os conteúdos novos compartilhados por sites, seja por meio de conteúdo, imagem, vídeo, áudio, e outras formas, são rastreados pelos mecanismos de busca. A missão deste mecanismo, num primeiro momento, é saber onde o conteúdo identificado se encontra e o que é esse conteúdo. Com essas informações, o rastreador envia para um servidor local do mecanismo de pesquisa, onde ficarão armazenadas as informações do conteúdo rastreado.
Após o conteúdo ser armazenado nesses servidores, cabe aos indexadores classificarem o conteúdo em diversas categorias. Por exemplo, o que é camiseta com camiseta, vestido com vestido, calça com calça, e assim por diante. O objetivo é classificar e indexar os conteúdos de acordo com a relevância para serem exibidos aos usuários que procurarem por esse conteúdo.
Continua confuso para você? Se sim, vou usar um exemplo de uma biblioteca para esclarecer ainda mais este ponto (sei que vivemos na era digital, mas espero que você já tenha entrado numa biblioteca).
Imagine que você administra uma biblioteca e fez um pedido gigante de livros físicos que estão chegando de caminhão. Quando o caminhão chega na sua biblioteca, você pede para 3 colaboradores buscarem os livros e os deixarem na sala principal da biblioteca. Neste exemplo, os colaboradores cumprem a função dos rastreadores, e a sala principal da biblioteca, onde os livros foram deixados, seria o banco de dados.
Com todos os livros na sala principal, você pede a outro colaborador que classifique os livros de acordo com o idioma e o conteúdo principal, seja matemática, português, história, e assim por diante. Este colaborador está cumprindo o papel dos indexadores.
Nesta biblioteca, você trabalha com um colaborador para ajudar nas buscas dos clientes. Ou seja, se uma pessoa chega pedindo um livro de história sobre a Revolução Francesa, é papel deste colaborador ir até a seção onde se encontram alguns livros com este tema e trazer para o cliente, mostrando por ordem de relevância quais contêm o tema procurado. Sendo este colaborador o mecanismo de busca, apresentando os resultados e a classificação de acordo com o algoritmo.
Como os motores de pesquisa classificam os resultados
Todos os mecanismos de pesquisa possuem suas peculiaridades na hora de classificar o conteúdo, sendo o trabalho do SEO identificar quais são os principais meios de pesquisa para cada negócio e a melhor estratégia a partir disto. A pesquisa do Google é, na maioria dos países (inclusive no Brasil), o principal meio de buscas dos usuários, utilizando os seguintes critérios que outros mecanismos de pesquisa também utilizam.
- Significado da consulta: o mecanismo de pesquisa identifica a intenção por trás da consulta realizada. Por exemplo, se você pesquisa por “últimas notícias”, o Google vai apresentar os conteúdos mais recentes para o usuário, porque o usuário quer informações atualizadas, e um conteúdo produzido 2 anos atrás sobre “últimas notícias” não seria o que o usuário está procurando. Os mecanismos de pesquisa usam modelos de linguagem para fazer isso. Modelos de linguagem são algoritmos que leem a entrada do usuário (consulta de pesquisa), entendem o que ela significa e apresentam os resultados que entendem ser mais assertivos.
- Relevância: aqui o sentido da relevância é no quesito o quanto uma palavra-chave possui maior relevância em relação a outras no mesmo conteúdo. Quanto mais vezes uma palavra-chave é repetida num conteúdo, mais o Google entende que ela é o “centro das atenções” no conteúdo.
- Qualidade do conteúdo: um dos grandes fatores avaliados ao exibir um resultado pelos mecanismos de pesquisa é a questão da qualidade do conteúdo. No ano passado, o Google lançou uma atualização de conteúdo útil com este foco, identificar os melhores e mais relevantes conteúdos para os usuários. Para obter um conteúdo de alta qualidade, vai desde a elaboração realizada por um especialista e não pela IA, até a quantidade de referências que o artigo está recebendo, ou seja, a quantidade de pessoas indicando este conteúdo.
- Dados do usuário: outro fator que faz o resultado único para cada usuário é a questão dos dados do usuário. Tudo o que o usuário realiza antes da pesquisa impacta no resultado que será apresentado. Desde a pesquisa anterior até os dados de localização. Essas informações ajudam o algoritmo a identificar qual resultado vai melhor atender de acordo com o histórico de navegação.
Existem outros pontos que podem ser considerados na hora da classificação no SERP (página de resultado do mecanismo de pesquisa). Dando mais alguns exemplos, taxa de rejeição e o tempo que o usuário fica na página são fatores que impactam diretamente no algoritmo, para ele identificar se o conteúdo está sendo satisfatório para o usuário ou não.
Diferença entre navegadores e motores de busca
Os navegadores de internet têm como objetivo (como o nome já diz), tornar possível que os usuários naveguem/acessem os diferentes tipos de conteúdos contidos na internet. Os motores de busca vêm para auxiliar os navegadores, para quando um usuário procurar por “carro”, exibir os melhores conteúdos com este tópico.
Para você navegar pela internet, o uso de um navegador se faz necessário, não necessitando de um motor de busca para isso. Usando um exemplo comum do dia a dia, imagine que o navegador é um carro que pode te levar para qualquer destino. Se você sabe o caminho para onde você quer chegar, você vai direto até lá. Caso você não conheça o caminho e precise de um mecanismo para te ajudar a chegar aonde você deseja, o GPS se torna importante. O GPS, neste exemplo, seriam os motores de busca.
Resumindo, você precisa de um navegador para utilizar um motor de pesquisa, mas não precisa de um motor de pesquisa para utilizar o navegador.
Principais mecanismos de pesquisa
No mercado brasileiro, o Google é atualmente o mecanismo de busca mais popular, contendo 95,55% da participação de mercado, segundo a análise de tráfego conduzida pela StatCounter.
Outros mecanismos de busca com espaço de mercado e, de certa forma, populares, são o Bing (3,05%) e o Yahoo! (1,13%). O Yandex, que é um mecanismo de pesquisa russa, vem tentando se expandir no Brasil e quebrar a barreira do Google; atualmente, sua participação de mercado é de 0,12%.
O DuckDuckGo ganhou certa popularidade devido ao foco na proteção de dados de usuários, porém sua participação é baixa comparada a outros concorrentes, tendo somente 0,11% de participação no mercado brasileiro.
As redes sociais não são necessariamente um mecanismo de busca, ou pelo menos, não tinham esse objetivo quando foram criadas. No entanto, já observamos uma mudança no comportamento de busca dos usuários, que cada vez mais procuram por moda, beleza, decoração, e outros segmentos em plataformas como TikTok, Instagram, Pinterest, e outras.
Mecanismos de Pesquisa e as Inteligências Artificiais
Os mecanismos de pesquisa estão passando por atualizações e inserindo novos testes para identificar como as Inteligências Artificiais podem ajudar nos resultados obtidos. Um exemplo disso é o Bing que, com a alta aceitação da ferramenta Chat-GPT, a inseriu em suas buscas para, ao invés de trazer vários sites com respostas para o usuário verificar, já trazer a resposta.
O Google não fica para trás. Inicialmente, ela tinha anunciado o Google Bardo, que funciona de maneira similar ao Chat-GPT, mas alguns testes identificaram que ele não estava completo ainda. Recentemente, o Google anunciou uma atualização para o Bardo chamada de Gemini, onde seu poder de processamento e de trazer informações pode chegar a ser 3x maior em comparação ao Chat-GPT.
Para os próximos anos, ou meses, a tendência é o anúncio de novas atualizações e ferramentas para auxiliar os mecanismos de busca envolvendo as IAs.
Minha única preocupação com todas essas atualizações e a inserção da IA é que cada vez mais as nossas decisões sejam moldadas por essas ferramentas, o que será algo natural. Não acredita? Vou usar como exemplo o próprio Google, ao qual já estamos mais adaptados. Antigamente, era comum questionar ou realizar uma pesquisa a fundo sobre os resultados encontrados, o que não é mais verdade no dia atual. Consideramos os resultados do Google como provas verdadeiras e, caso não encontremos a resposta, consideramos que “nós” pesquisamos errado e não que o mecanismo apresentou a informação errada. Com uma inteligência artificial adicionando afirmações e falando por que um produto A é melhor que B, será cada vez mais difícil ter uma visão crítica dos resultados. Aceitando, o que seja, como verdade.